quinta-feira, 3 de outubro de 2013

O Malho (1927)

Ano de eleição para o governo dos Estados, 1927 é marcado na revista por várias críticas ao processo eleitoral. A revista faz várias denúncias sobre a coerção de eleitores em Belo Horizonte sob o suposto comando do candidato Antonio Carlos ao governo de Minas Gerais. O candidato é alvo frequente das críticas da revista, que usa e abusa das charges para satirizar suas ações políticas e seu comportamento em relação aos opositores e aos seus companheiros de partido.
 
 
O Malho, 09/07/1927. Acervo Biblioteca Nacional.
Título: O GRÃO SENHOR DE TANGA
(O Sr. Antonio Carlos recusou as visitas isoladas de seus amigos que foram procura-lo aqui, no Hotel dos Estrangeiros, preferindo recebe-los numa pomposa audiência)
Legenda:
O tupinambá de Bello Horizonte tem razão ! Isto assim em conjunto fica muito mais solenne.
 
As fraudes eleitorais também são destaque nos artigos, colunas políticas e charges. Uma charge publicada em 06 de Agosto, denuncia a estratégia de incluir pessoas já falecidas nas listas eleitorais. Na imagem, São Pedro está na porta do céu enquanto um grupo de homens passa em fila na sua frente. Os mesmos são identificados como Defuntos e o primeiro da fila traz uma mala com a inscrição “Rio de Janeiro”. Espantado, São Pedro pergunta para onde os mesmos estão indo, no que respondem que irão votar no Rio de Janeiro, já que é dia de eleição.
 
O Malho, 06/08/1927. Acervo Biblioteca Nacional.


 
Em relação ao nosso objeto de pesquisa, gostaria então de destacar algumas impressões sobre o material recolhido. As imagens encontradas no periódico no ano de 1927 possui uma característica em comum: a utilização do elemento indígena para representar o Brasil. Em alguns momentos ele é representado de forma tradicional, isto é, de tangas e cocar de penas e em outros momentos, com roupas como terno e gravata, trazendo como um elemento de identificação um pequeno cocar. Por exemplo, encontramos no mesmo ano de 1927 duas charges utilizam a imagem do índio como personagem que representa o Brasil mas de formas diferentes.
 
A primeira charge, publicada no dia 26 de Fevereiro de 1927, apresenta uma conversa entre dois personagens identificados como Brasil e Argentina. Sentados em um descampado, a Argentina reclama com o Brasil a respeito da proibição feita pelos EUA à importação das suas frutas. A mesma promete como represália boicotar a importação dos produtos americanos. O Brasil é um índio, representado de forma tradicional, isto é, vestido apenas com um saiote, tornozeleiras e bracelete de penas, além do cocar.

O Malho, 26/02/1927. Acervo Fundação Biblioteca Nacional.
 
  
Já na charge publicada em 26 de Março do mesmo ano, outra vez o Brasil é por um índio. O assunto da charge diz respeito à insistência do governo francês em receber o pagamento das dívidas de alguns estados brasileiros em ouro. Na cena, a França, representada por uma mulher, oferece um saco ao Brasil enquanto exige que ele seja cheio com ouro. Diferentemente da charge anterior, o Brasil é representado por um homem vestido de terno e gravata que traz uma bengala na mão. O elemento que nos permite identificar e afirmar que se trata de um índio é o pequeno cocar de três penas que o mesmo traz à cabeça.


O Malho, 26/03/1927. Acervo Fundação Biblioteca Nacional

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