O Malho. Semanário Humorístico, Artístico e Literário

A revista O Malho começou a circular no Rio de Janeiro em 20 de setembro de 1902, sendo seu fundador o jornalista mineiro Luís Bartolomeu de Souza e Silva e seu diretor artístico o caricaturista Crispim do Amaral. Seguindo os padrões habitais das revistas ilustradas da época, O Malho se caracterizava pelo seu caráter atual trazendo comentários e análises sobre os principais fatos do mês ou da semana.
 

Segundo Luiz Guilherme Sodré Teixeira, o periódico foi a mais interessante revista ilustrada da República Velha, não apenas por sua permanente intervenção humorística na política do país, como também pela qualidade dos chargistas que reuniu durante sua longa existência:  J. Carlos, K.Lixto, Raul Pederneiras, Crispim do Amaral, Helios Seelinger, J. R. Lobão, Leônidas Freire, Gil, Alfredo Storni, Vasco Lima, Augusto Rocha, Seth, Alfredo Cândido, Yantok, Loureiro, Luís Peixoto, Théo, Del Pino, Guevara, Nássara e Di Cavalcanti.

A revista possuía um perfil de crítica política bastante significativo. Através das charges publicadas em suas páginas, a revista retratou os conflitos e divergências políticas da época, como no caso da Campanha Civilista de Rui Barbosa em 1909, da Reação Republicana em 1922 e da Revolução de 1930.

Dela pode-se dizer que foi a única revista de caricaturas a reproduzir na república os grandes tempos de suas congêneres do segundo reinado, nada poupando aos adversários, como no caso da Campanha Civilista, combatendo Rui Barbosa, e na Revolução de 30, ridicularizando os candidatos da Aliança Liberal. (LIMA: 1963, 146)

 

Ainda que focada principalmente na vida política do país, a cultura e a crítica de costumes sempre estiveram ali presentes, tanto nas charges como em artigos escritos.

Em 1930, O Malho combateu a Aliança Liberal de Getúlio Vargas, e com a posterior vitória da revolução Getulista, a redação da revista foi empastelada, sede incendiada e a publicação impedida de circular por um breve período. Sobreviveu como revista de notícias e literária, de 1935 a 1954, quando saiu o último número.

A revista foi fonte de diversos trabalhos acadêmicos que tratam de diversos temas: a história e acontecimentos políticos do nosso país, a vida e obra dos cartunistas ilustraram suas páginas e trabalhos que problematizam a produção imagética das revistas ilustradas.

Segue a lista de alguns deles:

DIOGO, Marcia Cezar. O Rio em revista:  a reforma Pereira Passos nas crônicas da revista da semana, d'O Malho e da Kosmos. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro: PUC-RIO, 1999.

 

TENÓRIO, Guilherme Mendes. Zé Povo cidadão: humor e política nas páginas de O Malho. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro: UERJ, 2009. Disponível no site do Domínio Público.

 

SILVA, Lívia Freitas Pinto. Rui Barbosa e a Campanha Civilista nas caricaturas da revista O Malho. Mariana: Anais do XVIII Encontro Regional de História - ANPUH-MG, 2012. Disponível online: http://www.encontro2012.mg.anpuh.org/resources/anais/24/1340747304_ARQUIVO_artigoanpuh11.pdf

A Biblioteca Nacional e a Fundação Casa de Rui Barbosa disponibilizaram seus acervos da revista para consulta online.

Biblioteca Nacional:

http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_periodicos/malho/anuario_malho.htm

Fundação Casa de Rui Barbosa:

http://www.casaruibarbosa.gov.br/omalho/

 

REFERÊNCIAS

LIMA, Herman. História da caricatura no Brasil. Vol.I. Rio de Janeiro: José Olympio, 1963.

 

TEIXEIRA, Luiz Guilherme Sodré. O traço como texto. A história da charge no Rio de Janeiro de 1860 a 1930. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, s.d.
____________________________ Sentidos do humor, trapaças da razão: a charge. Rio de Janeiro: Edições Casa de Rui Barbosa, 2005.

A partir de hoje, irei apresentar o material identificado e catalogado na revista O Malho. Como se poderá observar, além da identificação e catalogação das imagens de índios encontradas no periódico (tema da nossa pesquisa), procurarei destacar quais eram os temas/assuntos políticos e sociais que mereciam a atenção da imprensa e também do público leitor durante os anos pesquisados.

 

Em relação às imagens de índios, nesse primeiro momento, elas serão indicadas/apresentadas aqui de uma maneira geral, algumas vezes com uma breve análise. Em outro post, irei apresentar alguns trabalhos produzidos pela equipe de pesquisa sobre este material. Sempre que for possível, também postarei as imagens/charges identificadas pela pesquisa.

 

Os posts apresentarão o periódico seguindo uma ordem cronológica - de 1915 a 1930.

 

Espero que gostem.