quinta-feira, 4 de julho de 2013

O Malho (1922)

Um dos destaques da revista são as revoltas militares que acontecem no país em decorrência da vitória de Arthur Bernardes para a presidência. Estas revoltas são apresentadas pelo O Malho como desordeiras e ações isoladas de dissidentes e militares insubordinados. Por sua vez, as atitudes tomadas pelo presidente Epitácio Pessoa para contê-las - o fechamento do Clube Militar e a prisão do marechal Hermes da Fonseca - são vistas como corretas e como demonstração de controle da ordem por parte do presidente. 

Num momento em que o país se prepara para comemorar 100 anos de independência, esses movimentos são vistos pela revista como anti-patriotas e que só servem para comprometer a estabilidade política que o país necessita para resolver sua crise econômica e financeira. Mas não há por parte da revista grandes destaques sobre esses movimentos, como por exemplo, reportagens com fotos. As notícias e informações a respeito são apresentadas apenas em forma de artigos, editoriais e nas colunas políticas.

O grande destaque do ano de 1922 é o Centenário da Independência e a Exposição do Centenário. Durante todas as edições há informações sobre o andamento das obras dos pavilhões internacionais e dos pavilhões das empresas nacionais. As comemorações do dia 7 de Setembro no Rio de Janeiro também são destaque pois, além do desfile militar e das comemorações tradicionais, é o dia da inauguração da Exposição. Também há destaque para a comemoração do Centenário em outros Estados brasileiros.
A inauguração da Exposição é descrita com detalhes e também com muitas fotos. Depois do discurso do presidente inaugurando a Exposição, houve a autorização por parte deste da gratuidade da visitação aos pavilhões. Enquanto que alguns pavilhões já estavam totalmente prontos para a exposição, alguns estavam em fase final de construção e outros ainda levariam bastante tempo para serem concluídos.
 
 
O Malho, 09/09/1922. Acervo Biblioteca Nacional
 

No dia 13/09/1922 (edição nº 1.044), na coluna Notas da Semana, a revista expõe suas impressões a respeito da importância da exposição para o país.
 
 
Dentre as comemorações civis do Centenário teve um destaque sem par a inauguração da Exposição.
Do que é, ou melhor, do que vae ser esse certamen internacional póde-se ter uma idéia pelo qual já está prompto. Num esforço colossal, cuja gloria cabe ao governador da cidade, conquistou-se á Guanabara o alargamento da Avenida Wilson e derrubou-se boa parte do innominavel bairro da Misericórdia, para se fazer surgir em todo esse terreno um conjunto suprehendente de palácios e pavilhões , que, uma vez concluídos com todos os seus detalhes fará a maior honra á nossa engenharia civil. E não se trata de construções ligeiras. A maioria do que está ali existe é para ficar: é para fazer parte do novo bairro – que o arrasamento do Morro do Castelo ampliará até o coração da cidade.
Sem falar nos pavilhões estrangeiros, quasi todos muito notáveis, temos o Palácio das Festas que é verdadeiramente grandioso, e o Palácio das Industrias, que é um assombro de transformação e aproveitamento do velho Arsenal de Guerra – obra que, sem favor, se pode chamar genial. Todo aquelle antigo aspecto sinistro da penitenciaria e convento, parece-nos agora numa feição architetonica severa, mas risonha, relembrando a origem colonial, mas com requintes de arte, que se torna encantadora. E a Torre das Jóias corôa essa obra de maneira deslumbrante.
Dentro de algumas semanas, quando tudo estiver concluído e nos seus logares, veremos confirmado o juízo que alguém já externou de ser a Exposição do Centenário e mais bella desses últimos tempos. E será também o attestado mais evidente do nosso arrojo e da nossa capacidade de trabalho, subordinada aos dictames da arte.”

Somente uma imagem de índio foi encontrada na revista durante todo o ano de 1922. Comemorando a centenário da independência do país, O Malho utiliza em sua capa a imagem do índio para representar o Brasil.

O Malho, 16/09/1922 (Acervo Biblioteca Nacional)

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