No ano de 1925, O Malho começa-se a fazer cogitações a respeito da sucessão
presidencial. O que existe desde o início do ano são sugestões de nomes, quem seria mais adequado ou não para exercer o cargo. A partir dos meses de Julho/Agosto, passa-se a cogitar o nome de Washington Luís, o que irá se confirmar no ano seguinte quando as eleições estiverem mais próximas.
A revista começa a fazer um balanço do governo de Arthur Bernardes, elogiando a firmeza do presidente no exercício do seu governo. Aprova a decisão do presidente em exercer o governo em estado de sítio devido às revoltas tenentistas. Apesar de considerar que o país não pode se desenvolver nestes anos de mandato, a revista presta muitos elogios ao presidente, até mesmo por considerar que ele não pode colocar em prática uma política de desenvolvimento nacional por causas das disputas políticas internas.
Outro ponto abordado pela revista e que se repetirá através de artigos e
charges nos anos seguintes é a discussão a respeito da liberação do voto
feminino. A revista se mostra inteiramente contra o foto feminino utilizando
argumentos como a incapacidade da mulher para exercer cargos políticos, devido à
sua natureza frágil e delicada, assim como a ideia de que o papel da mulher na
sociedade é cuidar da casa e dos filhos, se preocupar com assuntos considerados
fúteis pelo mundo masculino, como moda, beleza, etc. Um artigo publicado na
seção Politic´ações, em 24 de Julho de 1925, faz menção ao assunto.
A questão do voto
feminino
“ O voto às mulheres, em que pese a
douta opinião do Sr. Juvenal Lamartine e de D. Bertha Lutz, continua a não
fazer muitos adeptos entre os latinos. Agora mesmo a Itália, pela sua luzida
Câmara dos Deputados, rejeitou-o na recente reforma eleitoral mandada votar
pelo terrível Mussolini.
Entre nós, ainda nos fins do anno
passado, o Sr. Basílio Magalhães renovou-lhe a propugnação na casa legislativa
a que pertence. Mas logo ao dia seguinte, as enquetes realizadas sobre a
palpitante questão, revelavam que a maioria dos nossos legisladores, pela boca
do prestigioso leader mineiro, Sr. Bueno Brandão, ainda não acha oportuno
permitir, no Brasil, que as mulheres votem ou sejam votadas.
Também a nossa opinião é essa.
Os costumes, as leis de um povo,
embora optimos, não podem, nem devem ser transplantados ou copiados para outro,
sem possibilidade de adaptação natural. Nenhum paiz força impunemente o próprio
povo a institutos e usanças que sua índole e seu meio não comportam. Olhem a
implantação do regimem republicano entre nós assim como a liberalidade da nossa
Magna Carta, os bellos fructos que tem produzido !
Imaginemos, agora, a somma nova de
vergonheiras e desgostos que nos adviria, inevitavelmente, nesta época, da
concessão do voto às mulheres. Amanhã, D. Bertha Lutz, moça de merecimentos
indiscutíveis e incontestados, iria disputar uma eleição. Seria eleita
fatalmente, em pleito livre. Mas a sua concorrente teria sido, Mlle. X, noiva
do filho do prefeito da localidade.
Qual a sorte de D. Bertha, na
verificação de poderes ?
Tenham a palavra os barbados que
sabem o que é uma “degola” ...”
O esporte sempre esteve presente nas páginas de O Malho. As partidas de futebol realizadas aos finais de semana entre os diversos clubes cariocas e paulistas sempre mereceram destaque com muitas fotos. Além de vermos nossos atuais times atuando naquela época, o interessante nessas fotos é observar o público que ia aos estádios, como eles iam vestidos de uma maneira completamente diferente da atual, bem mais despojado e descontraído.
O Malho, 02/05/1925. Acervo Biblioteca Nacional |
O Malho, 16/05/1925. Acervo Biblioteca Nacional. |
O destaque do futebol neste ano de 1925 foi uma partida internacional entre o time Paulistano e a seleção da França, realizada em Paris. O time brasileiro ganhou a partida com um placar de 7 a 2. Os jogadores brasileiros retornaram ao país com fama de heróis.
O Malho, 11/04/1925. Acervo Biblioteca Nacional |
O Malho, 09/05/1925. Acervo Biblioteca Nacional. |
Outro destaque no ano de 1925 é a visita de Albert Einstein ao Brasil. A visita ao país fazia parte de uma série de viagens que ele realizou a vários lugares, como Japão, Palestina, Estados Unidos e América do Sul. Aqui, o físico alemão fez palestras, visitou o Museu Nacional, o Instituto Oswaldo Cruz, o Observatório Nacional e fez vários passeios turísticos pela cidade.
O Malho, 16/05/1925. Acervo Biblioteca Nacional. |
A respeito do nosso objeto de pesquisa, o que se pode observar, na sua maioria, é a utilização da imagem do índio para representar o Brasil. Além desta, também vemos a utilização da imagem do índio como um elemento para desqualificar ações políticas, como na charge abaixo.
O Malho, 16/05/1925. Acervo Biblioteca Nacional. |
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